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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Insegurança, auto-estima e terapia.

To passando por um processo muito dolorido. De auto conhecimento, de percepção do quanto eu me sabotei todos esses anos tentando ser alguém que não tá no meu cerne, que não sou eu.
Minha família toda é extrovertida, e eu sempre me senti deslocado nela, eu sempre fui o diferente, o que apontavam e diziam "mas ele é tão quetinho né?" e eu vesti essa camisa com todas as minhas forças. Já que eu sou o quetinho, vou tentar ser também o inteligente, porque é o que se esperam das pessoas quetinhas, sei lá. Eu nunca vou conseguir ser vendedor, ou qualquer outra coisa que peça skills sociais, porque eu sou péssimo nisso, sempre fui. Sempre me foi apontado isso.
"Você precisa fazer teatro pra se livrar dessa timidez"
"Você precisa conversar mais, pra se livrar dessa timidez"
"Você é muito tímido né?"
E cá estou eu, há 25 anos tentando me livrar da minha timidez, da minha introversão. Tentando ser um pouco mais parecido com meus irmãos, os caras que sempre foram rodeados de amigos, e que todo mundo conhecia, que todo mundo achava super legais, e eu era o irmão esquisito que não conversava muito. Tentando me livrar do estigma de ter passado a minha vida inteira sendo o "irmão do buh" e o "irmão do juh". Mas que merda!
Começo a terapia e é exatamente esse ponto que se evidencia, eu nunca ter me aceitado como uma pessoa introvertida, que existe meu espaço no mundo, existem pessoas extrovertidas e introvertidas. E mais do que isso: existem pessoas que preferem pessoas introvertidas, dá pra acreditar? Eu to começando a tentar... To começando a tentar viver mais no presente, nas pessoas que eu tenho ao meu redor naquele exato momento. Quando eu to desconfortável, eu me isolo no celular, e vivo uma realidade onde é mais fácil a interação, porque ela pode ser meticulosamente calculada. Estou tentando agora uma nova abordagem. Buscar interações espontâneas, com pessoas que eu não estou acostumado a ter essas interações.
Antes eu tentava não ser introvertido, invejava e buscava interagir como os extrovertidos interagem, e eu vejo hoje como isso é errado, e como pode me fazer mal.
Hoje quero buscar interações com o meu jeito, o único jeito que eu posso ser. Eu sei que sou engraçado, divertido, gosto de conversar. Por que eu preciso me pressionar tanto a forçar isso com as pessoas?
Pelo menos estando mais no agora, com as pessoas que estou agora, eu me forço a interagir do meu próprio jeito.
Eu sou muito intenso com as pessoas, preciso aprender a lidar com isso. Sou muito intenso com relações. E essa foi outra coisa apontada pela terapia. Introvertidos tendem a ter relações mais intensas, eles podem ter menos amigos que os extrovertidos, mas eles vão ter amigos e amizades muito intensas e verdadeiras, cada uma delas.
No último ano, eu e a dany temos tentado buscar relações diferentes, mais carnais, mais rasas - rasas não seria exatamente a palavra - menos intensas, e ela tem facilidade com isso, e eu não. É alguém me mostrar afeto, me mostrar quisto, que eu intensifico ao máximo, eu me apaixono, eu busco estar com essa pessoa sempre, porque ela me fez bem. Não considero isso um problema em si, mas se torna um problema a partir do momento que se torna um problema pra quem eu amo. Preciso aprender a separar relações intensas de não intensas, relações carnais de amizades. Eu preciso aprender tanta coisa...
Mas talvez agora com um guia, com um acompanhamento profissional, eu possa aprender da forma correta pra mim, e não pros outros.
Preciso aprender a ter auto-estima comportamental. EU SOU INTROVERTIDO, e eu tenho meu espaço no mundo.. E eu vou te dizer, eu não quero qualquer espaço não. Eu gosto de fazer a diferença. Eu gosto de fazer a diferença no ambiente que eu estou, nas pessoas com as quais eu me relaciono, eu gosto de saber que faço bem a algo ou alguém. Eu sou introvertido, mas sou carente de me sentir inserido no local em que eu estou.... Pode ser que essa carência venha da necessidade sub-inserida de ser extrovertido, não sei...
Mas também preciso aprender que fazer mal vai ser inevitável. Não posso controlar como as pessoas se sentem, nem em relação a mim, e muito menos em relação ao mundo.
A única coisa que eu posso controlar é como eu me comporto em relação as situações que me são colocadas... E até agora eu tenho me saído péssimo nisso. Não sei lidar com rejeição, não sei lidar com situações fora do meu controle, não sei lidar com pessoas que eu amo estarem chateadas ou magoadas comigo. A todas as pessoas que eu magoei: vou melhorar.
Não vai ser fácil, não vai ser rápido, mas eu vou. Eu preciso. Por mim. Por vocês.