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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Mágoa

Sempre fui o cara que deixava tudo e todos bem. Independente do problema que tivessem enfrentando. Sempre com pensamento positivo e levantando as pessoas e fazendo ver o copo meio cheio, etc, etc.. to com saudades desse Caique inclusive.

Esse ano foi a primeira vez que eu experimentei não conseguir ficar bem com algo a ponto de ter que me afastar. Vivenciar de verdade esse aperto no coração de não estar bem e não poder fazer nada pra resolver. De 2 formas diferentes na verdade, uma foi não ficar bem com o universo por conta de um acontecido que não estava no alcance de ninguém, e outro é de ficar mal com uma situações e pessoas queridas por mim.
De ficar mal com pessoas queridas, ficar profundamente magoado e não conseguir resolver essa mágoa. Nunca na vida fiquei magoado com algo ou alguém, onde essa mágoa ficasse mais do que uma conversa com a pessoa. Não sei como lidar com isso, to completamente perdido. Sem saber o que fazer 😔
Eu realmente não sei quando e se essa mágoa vai passar, principalmente com a minha família, que é onde ta doendo mais, que é onde eu esperava mais zelo comigo, com minhas dores, e tomasse os cuidados comigo que eu tomaria com ela.
Faz quase 1 ano agora que aconteceu algo incrível no meu relacionamento, que uniu eu e a dany ainda mais. Contamos pra todas as pessoas possíveis pq estávamos felizes e sempre tivemos só retorno positivo de todos os nossos amigos sempre que coisas boas aconteciam. Só que agora fico com a sensação de que rolou inveja também, quiseram nos copiar, e me senti usado. Um irmão se espelhar em algo que o outro fez é uma coisa. Um irmão invadir o que o outro estava fazendo é outra completamente diferente. Independente do status, do momento, das vontades.

A mágoa ta profunda, e só espero que ela não crie raízes, porque eu não sei o que uma mágoa que foge do meu controle pode fazer comigo ):

Como você faz pra ficar bem com você mesmo, se você não perdoou a pessoa que você está magoado? Dá pra ficar bem de verdade sem perdoar? Como se separa isso? Uma possibilidade é se afastar dessa pessoa, mas e quando isso não é uma possibilidade? Você vai continuar magoado com aquela pessoa, e como vai fazer pra ficar bem com isso? Ficar bem quando ela estiver perto, quando ela postar algo que faça você lembrar da mágoa que carrega? Não sei se é possível ficar bem até que essa mágoa seja perdoada. E se ela não for? Vai virar só um acontecimento esquecido com o tempo, mas nunca curado ):

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Insegurança, auto-estima e terapia.

To passando por um processo muito dolorido. De auto conhecimento, de percepção do quanto eu me sabotei todos esses anos tentando ser alguém que não tá no meu cerne, que não sou eu.
Minha família toda é extrovertida, e eu sempre me senti deslocado nela, eu sempre fui o diferente, o que apontavam e diziam "mas ele é tão quetinho né?" e eu vesti essa camisa com todas as minhas forças. Já que eu sou o quetinho, vou tentar ser também o inteligente, porque é o que se esperam das pessoas quetinhas, sei lá. Eu nunca vou conseguir ser vendedor, ou qualquer outra coisa que peça skills sociais, porque eu sou péssimo nisso, sempre fui. Sempre me foi apontado isso.
"Você precisa fazer teatro pra se livrar dessa timidez"
"Você precisa conversar mais, pra se livrar dessa timidez"
"Você é muito tímido né?"
E cá estou eu, há 25 anos tentando me livrar da minha timidez, da minha introversão. Tentando ser um pouco mais parecido com meus irmãos, os caras que sempre foram rodeados de amigos, e que todo mundo conhecia, que todo mundo achava super legais, e eu era o irmão esquisito que não conversava muito. Tentando me livrar do estigma de ter passado a minha vida inteira sendo o "irmão do buh" e o "irmão do juh". Mas que merda!
Começo a terapia e é exatamente esse ponto que se evidencia, eu nunca ter me aceitado como uma pessoa introvertida, que existe meu espaço no mundo, existem pessoas extrovertidas e introvertidas. E mais do que isso: existem pessoas que preferem pessoas introvertidas, dá pra acreditar? Eu to começando a tentar... To começando a tentar viver mais no presente, nas pessoas que eu tenho ao meu redor naquele exato momento. Quando eu to desconfortável, eu me isolo no celular, e vivo uma realidade onde é mais fácil a interação, porque ela pode ser meticulosamente calculada. Estou tentando agora uma nova abordagem. Buscar interações espontâneas, com pessoas que eu não estou acostumado a ter essas interações.
Antes eu tentava não ser introvertido, invejava e buscava interagir como os extrovertidos interagem, e eu vejo hoje como isso é errado, e como pode me fazer mal.
Hoje quero buscar interações com o meu jeito, o único jeito que eu posso ser. Eu sei que sou engraçado, divertido, gosto de conversar. Por que eu preciso me pressionar tanto a forçar isso com as pessoas?
Pelo menos estando mais no agora, com as pessoas que estou agora, eu me forço a interagir do meu próprio jeito.
Eu sou muito intenso com as pessoas, preciso aprender a lidar com isso. Sou muito intenso com relações. E essa foi outra coisa apontada pela terapia. Introvertidos tendem a ter relações mais intensas, eles podem ter menos amigos que os extrovertidos, mas eles vão ter amigos e amizades muito intensas e verdadeiras, cada uma delas.
No último ano, eu e a dany temos tentado buscar relações diferentes, mais carnais, mais rasas - rasas não seria exatamente a palavra - menos intensas, e ela tem facilidade com isso, e eu não. É alguém me mostrar afeto, me mostrar quisto, que eu intensifico ao máximo, eu me apaixono, eu busco estar com essa pessoa sempre, porque ela me fez bem. Não considero isso um problema em si, mas se torna um problema a partir do momento que se torna um problema pra quem eu amo. Preciso aprender a separar relações intensas de não intensas, relações carnais de amizades. Eu preciso aprender tanta coisa...
Mas talvez agora com um guia, com um acompanhamento profissional, eu possa aprender da forma correta pra mim, e não pros outros.
Preciso aprender a ter auto-estima comportamental. EU SOU INTROVERTIDO, e eu tenho meu espaço no mundo.. E eu vou te dizer, eu não quero qualquer espaço não. Eu gosto de fazer a diferença. Eu gosto de fazer a diferença no ambiente que eu estou, nas pessoas com as quais eu me relaciono, eu gosto de saber que faço bem a algo ou alguém. Eu sou introvertido, mas sou carente de me sentir inserido no local em que eu estou.... Pode ser que essa carência venha da necessidade sub-inserida de ser extrovertido, não sei...
Mas também preciso aprender que fazer mal vai ser inevitável. Não posso controlar como as pessoas se sentem, nem em relação a mim, e muito menos em relação ao mundo.
A única coisa que eu posso controlar é como eu me comporto em relação as situações que me são colocadas... E até agora eu tenho me saído péssimo nisso. Não sei lidar com rejeição, não sei lidar com situações fora do meu controle, não sei lidar com pessoas que eu amo estarem chateadas ou magoadas comigo. A todas as pessoas que eu magoei: vou melhorar.
Não vai ser fácil, não vai ser rápido, mas eu vou. Eu preciso. Por mim. Por vocês.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Existir

Existência é talvez a coisa mais primitiva da nossa história, mais primitiva que a história em si, arrisco dizer. Me peguei pensando muito nessa palavra recentemente, e como ela tem vertentes tão ricas de se explorar dentro do nosso âmbito pessoal.
Eu sempre fui uma pessoa muito dependente de outras pessoas, no sentido de me relacionar, de me divertir, de conseguir sucesso em algo. Nunca fui completamente dependente, veja bem, consegui correr atrás de muitas coisas sozinho, estudo, emprego, ou até coisas mais simplórias como me divertir uma tarde inteira jogando vídeo game sozinho. Mas tudo isso que eu conquistava, que eu passava, sempre vinha com a sensação de precisar compartilhar isso com alguém, pra que ficasse factível, real, pra que aquela emoção se tornasse realmente verdadeira.
Hoje eu existo graças a forma como eu carreguei essas impressões que estou tendo agora, porém, comecei a perceber como a existência carrega um peso de auto descoberta.
A primeira coisa que eu preciso fazer pra poder ter ou fazer qualquer outra coisa é existir. Simplesmente existir. Porque existindo, eu consigo amar, existindo eu consigo aprender e me divertir. Mas eu nunca vou conseguir amar sem existir, ou aprender, ou errar, ou ensinar.
Por isso digo que existir é o mais primitivo do ser e estar. E agora estou olhando muito mais pra minha existência, e como estou levando ela. Dando a REAL importância que ela merece. Não confunda com estar vivo ou morto. Sinto a existência como o mote que me faltava pra fazer todo o resto mais ciente, mais vivo. Eu sou a minha própria existência, e apenas eu posso sê-la. E é nesse ponto que eu quero chegar.
Eu vivi muitos anos da minha vida, projetando minha existência em outras pessoas, pai, mãe, namorada, esposa... Não que isso tenha sido ruim, serviu pra me trazer ao estado que estou hoje. Hoje estou focado em projetar minha existência em mim mesmo. Minha mãe, meu pai, minha esposa, continuam tendo suas importâncias imensuráveis, mas pra que eles tenham importância, eu preciso entender a minha importância de existir e me sentir existindo apenas para mim.
E sinto inclusive que isso tem trazido benefícios as pessoas ao meu redor, energia é compartilhada e distribuída sempre, e pessoas que eu sentia que nunca teriam essa revelação, estão trilhando o mesmo caminho que eu. Isso me revigora, me renova e me motiva a me auto avaliar cada vez mais, cada vez mais fundo.